sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Por que Serra perdeu o debate na Band

Por Vinicius Wu



Debate entre candidatos não é tourada. Não cai um boi morto no chão ao final. É sempre difícil avaliar o resultado de um debate. Cada lado sai em defesa de seu candidato e a repercussão na mídia é disputada nos dias posteriores. Mas há sim uma questão relevante a ser considerada. Trata-se do papel que o debate ocupa na estratégia de um determinado candidato. Serra apostou, sim, nos debates na TV. Era sua “cartada” decisiva contra uma candidata “inexperiente”. Se considerarmos este fato, podemos sim afirmar que Serra foi quem mais perdeu com o debate.
Como se insere na estratégia de Dilma os debates na TV? Bem, não é preciso muito esforço para percebermos que os debates não estão no centro de sua estratégia. Explorar o sucesso dos dois governos Lula, ressaltar o papel que Dilma desempenhou na gestão das principais políticas de governo etc. tem um peso muito mais destacado no conceito de sua campanha, evidentemente. Para Dilma, bastava ir ao debate e “empatar” o jogo. Ainda mais agora, após a divulgação da pesquisa CNT/Sensus, onde a candidata aparece com dez pontos de vantagem sobre Serra.


Foto: Roberto Stuckert Filho
Serra, pelo contrário, desde o início, apostou nos debates. Não sou eu quem está afirmando isto. Basta olharmos as dezenas de artigos dos colunistas simpáticos ao PSDB nos últimos meses. Basta revisitarmos as inúmeras declarações dos dirigentes da campanha tucana e do próprio serra. Criaram uma enorme expectativa em torno da esperança de verem Serra surrar Dilma nos debates. Definitivamente, não foi isto o que ocorreu.
Dilma estava nervosa? Bom, tirando o Plínio, todos estavam nervosos nos primeiros blocos. Dilma poderia ter se saído melhor? Certamente, até pela qualidade que possui. Mas a vitoria acachapante de Serra não veio e o problema é que ela estava no centro de sua estratégia.
E ainda tinha semifinal da Libertadores no meio do caminho…
O eleitorado brasileiro amadureceu o suficiente para não definir seu voto – e seu futuro – baseado em truques de debate ou produção de TV. Debates e programas de TV são importantes, certamente. Mas não parece que as próximas eleições serão decididas por nenhuma estratégia de marketing. O povo brasileiro vai julgar não apenas os últimos oito anos. Julgará os últimos dezesseis e lançará uma aposta para os próximos oito.
Serra errou muitas vezes até aqui em sua campanha. Errou novamente ao anunciar, antecipadamente, sua vitória “acachapante” nos debates da TV. Ao confiar tanto em sua performance e experiência em eleições, Serra abriu espaço para a frustração de seus correligionários diante do resultado do debate.
Não foi o debate propriamente o que definiu a derrota de Serra ontem. Foi a orientação estratégica de sua campanha, que criou tanta expectativa em torno de sua suposta “superioridade” nos debates.



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