terça-feira, 30 de novembro de 2010

A garota que precisava muito dar


Faz um mês só. Ok, dois e meio. Certo, talvez três, nem sei. Tá bom vai, um semestre cheio de provas, trabalhos e relatórios e vá à merda antes que eu me esqueça. Juro que não conta? Cazozemeisi. Hein? Catorze meses, pô! Esse é o tempo que parei de tentar, que não transo tô sem coragem de dizer. Tu não tá entendendo, guria: eu preciso urgentemente dar, se eu ficar esperando um namorado, daqui a pouco chega pelos correios uma carta do Vaticano me oferecendo canonização.

Fico nessa lenga-lenga feminista de não me entregar a qualquer um e esqueço que meus hormônios não são nada feministas e nunca concordam comigo. Tem um amigo meu que repete que mulher tem mais acessibilidade ao sexo, basta gritar na rua que quer dar e logo se faz uma fila super organizada. Mas o que posso fazer? Com a prosperidade da construção civil nesse país, oportunidade é o que não falta. Mas eu quero uma transa e não ser sacrificada por um time de pedreiros com a camisa do "curíntia". Não espero o pai dos meus filhos, mas também não preciso voltar à Grécia Antiga e ter uma experiência bisonha pra sentir que ainda tenho terminações nervosas.

Balada nem pensar. A última vez que levei um playba ajeitadinho lá em casa, o cara me apresentou à sua cueca azul calcinha, tinha as costas que pareciam uma savana africana e quando gozou, berrou "Volkswagen!", coisa que nunca entendi. Sei que às vezes homens imaginam outras mulheres enquanto transam, mas nunca me aconteceu de pegar um que se excitasse com a propaganda do Voyage. Ser surpreendida o caramba, eu quero mesmo é um orgasmo triplo, com bastante homem normal por cima, por favor.

Vibrador? Ô, se tentei. Não tem a mesma graça. Posso até pular a parte do romance, jantar e velas, dirty talk. E esses modernos até imitam cor e textura direitinho. Mas o problema de transar com um pedaço de homem é que a única fantasia que me vem à cabeça é estar protagonizando o primeiro filme pornográfico assinado pelo Zé do Caixão. E mais, não consigo enganar meu cérebro. Sempre sei que sou eu socando. Minha analista me deu a dica de fazer com a mão esquerda, mas parece que estou sendo comida por um rapaz de pau grande e todo desajeitado. Me lembrei do Tulião do primeiro ano, babando nos meus peitos pequenos, chorando grato pela oportunidade.

Sim, fiz compras. Também pensei que fosse isso. Três blusinhas, um sapato, uma bota da estação passada, quatro barras de Toblerone, um jogo de panelas com tampas de vidro, tacos de golfe, uma casinha de cachorro pra quando eu comprar um, um rolo de plástico-bolha e um disco de um tal de Jeff Beck, pois o cara da rádio disse ser dele o solo de guitarra de me fez perder o semáforo verde porque a perna do acelerador não parava de tremelicar. Ex-namorado seria uma boa pedida, não tivesse eu uma maldição de noivar todo cara depois de ser chutado por mim.

Esses dias perguntei à minha mãe se o sotaque de Aracaju era mesmo sexy ou eu que estava pirando sempre que o Adamastor - um homenzinho de um metro e cinquenta e acha que adultos tem onze dentes - me chamava de linda, avisando que tinha correspondência pra mim na portaria. E escritório, então? Salário, benefícios, plano de carreira são importantes, mas lugar bom mesmo de se trabalhar é a empresa que dá ao funcionário pelo menos três alternativas de sexo casual e auxílio décimo terceiro dia pós ciclo menstrual. A revista Amanhã deveria considerar esse quesito.

Aí me dizem "amiga, você tem que paquerar mais". Eu lá nasci pra isso? O meu amigo esse, por exemplo. Eu pisco, ele vem e sopra meu olho. Eu menciono a dor insuportável nos ombros, ele me passa o cartão da dona Paulínia, baita massagista. Eu falo com voz de criança que adoro aquela música do Michael Buble e ele me empresta o CD ao invés de ir até minha casa, ouvir comigo. Não sei o que fazer, mas se uma mulher desimpedida e com tesão não puder dar pro melhor amigo, então não sei qual a função de um melhor amigo.

Não importa se você vive intensamente e assiste peças de teatro, se acotovela em shows em prol do planeta, se rola feito massa de pão numa bola de pilates ou estoura o limite do cheque especial com milhares de coisas que não precisaria se pudesse ficar em casa dando feito chuchu em cerca de arame. Namorando ou não, por mais movimentada e bem aventurada que seja sua vida, não é um saco não ter com quem contar quando se perde aquela vontade de sair na rua e atender telefonemas só pra ficar em casa fazendo  a única coisa capaz de mover o universo?

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