segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bairro São Francisco: Entre a Especulação e a Preservação


Por Milton Alves
O São Francisco é o mais antigo bairro da cidade. Foi a nucleação inicial de Curitiba e até hoje no bairro está localizado grande parte do setor histórico. Seu nome está estritamente ligado a historia da igreja da ordem terceira de São Francisco das Chagas.

Seu primeiro nome foi: Pátio de Nossa Senhora do Terço. Em 1752, com a transferência da igreja ao religiosos Franciscanos passou a se chamar de Pátio de São Francisco das Chagas. Em 1860, seu nome mudou para Largo da Ordem Terceira de São Francisco. O próprio tempo e a tradição popular encurtaram o nome do bairro. No inicio do século XX foram elaborados os primeiros mapas, com divisão de bairros em Curitiba, e já indicavam a região com o nome de São Francisco.

Encravado na área central de Curitiba, o São Francisco, como todo bairro cêntrico, vive os altos e baixos dos fenômenos urbanos das grandes cidades, oscilando entre fases de valorização e fases de desprestígio. No entanto, nos anos recentes, todos os bairros da área central atravessam um período de valorização continuada, o que acentua a pressão organizada de incorporadoras, empresas do ramo da construção civil e de projetos e empreendimentos imobiliários – vários em curso na região. Os preços dos imóveis e dos terrenos alcançaram uma valorização de mais 150%.

O São Francisco é diversificado e com múltiplas vocações. Reune o sítio histórico fundamental de Curitiba. Além disso, turismo, gastronomia, atividades e espaços culturais pontificam na cena do bairro. Um comércio amplo e variado, na maioria de pequeno e médio porte, alguns estabelecimentos são centenários, também são componentes da paisagem do bairro. Ou seja, interesses e vocações sedimentadas.

Neste sentido, a presença crescente de negócios ligados aos interesses imobiliários, disputando os espaços da região, vai impactar, cada vez mais, na feição original do São Francisco. Como preservar e revitalizar o bairro é uma pergunta sempre na ordem do dia para os moradores, já que a administração municipal é prisioneira da lógica da especulação imobiliária.

Enquanto a contradição perdura vamos continuar curtindo o Largo da Ordem, o Passeio Público, o Torto, o Sal Grosso, a Padaria América, a barbearia do Silvino, a Sociedade 13 de maio, a Casa Romário Martins, a Igreja do Rosário, o Casarão da Upe, o cavalo babão, o relógio das flores, a feirinha nos domingos e na época do carnaval, os Garibadis e Sacis.

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