sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Egípcios fazem manifestação para pedir transferência do poder aos civis


Milhares de pessoas se reuniram para pedir que militares voltem aos quartéis. País é comandado pelo Conselho Supremo das Forças Armadas desde que a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em fereveiro

Milhares de egípcios se reuniram nesta sexta-feira (7) na praça de Tahrir para exigir mais uma vez à junta militar que acelere a transferência do poder às autoridades civis e ponha fim à Lei de Emergência, em vigor desde 1981.

Muito abaixo da participação em massa das outras sextas-feiras, a manifestação foi convocada por 16 forças políticas e sociais, sob o lema "Voltai aos quartéis".

A principal reivindicação foi dirigida ao Conselho Supremo das Forças Armadas, que dirige o Egito desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak em fevereiro, para que deixe o poder.

Apesar da recente modificação da lei eleitoral que buscava evitar o boicote dos partidos nas próximas eleições legislativas, que deverá começar em 28 de novembro, os manifestantes reivindicaram mudanças mais profundas e rápidas no processo de transição democrática.

Na praça de Tahrir, epicentro da revolução egípcia, não faltaram os cartazes, caricaturas e palavras de ordem comparando o chefe da junta militar, o marechal Hussein Tantawi, com Mubarak, que enfrenta atualmente um julgamento pela morte de manifestantes durante a revolta.

Apesar de a junta militar ter se comprometido a analisar a anulação da Lei de Emergência, cuja aplicação foi intensificada após os distúrbios da Embaixada de Israel em 9 de setembro, os manifestantes exigiram uma resposta efetiva, assim como o fim dos tribunais militares a civis, que se multiplicaram desde a saída de Mubarak.

"Não acreditamos em suas promessas (dos militares); queremos que deixem o poder de uma vez por todas e que libertem os presos políticos", ressaltou a ativista Engy Ahmed, do movimento estudantil 6 de Abril, um dos principais instigadores da revolução e que figurava entre os favoritos para obter o Prêmio Nobel da Paz.

Um dos fundadores do grupo, Ahmed Maher, expressou nesta sexta-feira através de sua conta de Twitter sua solidariedade com uma das ganhadoras do prêmio, a ativista iemenita Tawakul Karman, e se solidarizou com todas as revoluções que estão ocorrendo no mundo árabe.

Embora os líderes do 6 de Abril tenham desmentido os rumores de divergências entre o grupo, nesta sexta-feira só estiveram presentes na concentração membros da chamada Frente Democrática, um dos subgrupos em que se dividiu o movimento.

Entre as forças que rejeitaram a convocação desta sexta-feira estão os Irmãos Muçulmanos e seu Partido Liberdade e Justiça, em linha com a postura mostrada nas últimas semanas.

No sermão inicial que deu início à manifestação, o clérigo Mazhar Shahin, conhecido por seu papel durante a revolução, reivindicou também a aprovação de uma lei que impeça os responsáveis do regime de Mubarak de participarem nas próximas eleições.

Via Gazeta do Povo

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